Da Redação | 26/05/2015, 21h36 -
ATUALIZADO EM 26/05/2015, 22h43
Após quase cinco horas de discussão, o Senado
aprovou nesta terça-feira (26) o Projeto de Lei de Conversão 3/2015, decorrente
da Medida Provisória 665/2014.
O texto, uma das MPs do ajuste fiscal, endurece as regras para a concessão do
seguro-desemprego, do seguro-defeso e do abono salarial. Agora, o projeto segue
para a sanção da presidente Dilma Rousseff.
Por acordo das lideranças, a ordem do dia desta
quarta-feira (27) foi antecipada para as 14h, quando o Plenário retomará a
discussão da Medida Provisória (MP) 664/2014,
que estabelece novas regras para a concessão do auxílio-doença e da pensão por
morte.
Para quinta-feira (28), está prevista a da votação da MP
668/2015, que eleva as alíquotas da contribuição para o PIS/Pasep e da
Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) na importação
de bens. Ambas as matérias perderão a validade por decurso de prazo se não
forem votadas pelo Congresso até o dia 1º de junho.
A aprovação da MP 665 foi marcada por muitas
críticas ao texto, até mesmo entre alguns governistas. A sessão chegou a ser
suspensa em razão de manifestações nas galerias. A duração do processo também
se estendeu porque senadores contrários à medida usaram todas as oportunidades
disponíveis para falar contra o texto e tentaram manobras para atrasar a
votação e tentar a rejeição da matéria.
Grande parte das críticas se concentrou no
ministro da Fazenda Joaquim Levy. Os senadores também lembraram o fato de o governo
basear o ajuste fiscal em medidas que prejudicam os trabalhadores, apesar de,
na campanha eleitoral de 2014, a presidente Dilma Rousseff ter afirmado que não
faria isso.
- O Partido dos Trabalhadores hoje trai a sua
essência, a sua criação, a defesa do que batalhou a vida inteira. Eu não faço
parte disso – disse Marta Suplicy (sem partido-SP).
Apesar das críticas, os senadores rejeitaram
todos os destaques, pontos do texto votados separadamente. No total, foram
11pedidos de votação em separado. A maior parte tratava de alterações nas
mudanças propostas para o seguro-desemprego. Outros buscavam a manutenção das
atuais regras de abono salarial e também do seguro-defeso, concedido a
pescadores.
Abono salarial
O destaque em que se esperava maior discussão era
o que tratava do abono salarial. De acordo com a proposta, só teria direito ao
abono no valor de um salário mínimo quem tivesse trabalhado pelo menos três
meses no ano anterior. Quem trabalhasse menos, teria direito a um valor
proporcional. Atualmente, a lei exige 30 dias de trabalho para o recebimento ao
benefício integral.
Durante a votação, o líder do PMDB, senador
Eunício Oliveira (CE), afirmou que votaria a favor da medida porque o governo
se comprometeu a vetar a parte do texto que prevê a exigência de 90 dias de
trabalho para a obtenção do abono. Não houve, entanto, compromisso de veto
sobre a proporcionalidade no pagamento.
Antônio Carlos Valadares (PSB-SE), João
Capiberibe (PSB-AP) e Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) alegaram que a mudança no
abono salarial é inconstitucional. O principal argumento é de que a
Constituição garante explicitamente o pagamento de “um salário mínimo”, não de
parte dele.
- Com a medida proposta pelo governo do PT, agora
esse abono será pago à proporção dos meses trabalhados, o que fere, de forma
literal, o preceito constitucional. Está lá escrito com todas as letras:
pagamento de um salário mínimo. Não se fala em pagamento proporcional –
argumentou Cássio Cunha Lima (PSDB-PB).
O senador José Agripino (DEM-RN) garantiu que, em
caso de aprovação do texto, seu partido recorreria ao Supremo Tribunal Federal
alegando a inconstitucionalidade do texto.
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